VERA CRUZ - HISTÓRICO

A Companhia Cinematográfica Vera Cruz foi fundada 1949 por Franco Zampari e Ciccilo Matarazzo em uma antiga granja em São Bernardo do Campo. A Companhia foi a terceira a ser fundada no território brasileiro, porém foi responsável por elevar o nível de produção técnico e profissional do cinema nacional. Zampari aproveitou a vinda de Ernesto Cavalcanti (em 1848) para o Brasil para lhe mostrar suas ideias. Sendo assim, 1949 Cavalcanti retorna da Europa com técnicos e equipamentos para criar um centro artístico em São Paulo.

Imagem dos Estúdios Vera Cruz do ano de 1949 ( Ver


O Brasil ainda não apresentava leis de proteção ao cinema nessa época (ao contrário de outros países) e não existia uma boa distribuidora para os filmes nacionais. Esses foram os primeiros problemas da Vera Cruz, além de produções com altos custos e baixos retornos. Já em agosto de 1953 a Companhia apresentou a sua primeira paralisação.Por ter feito uma reviravolta no ambiente artístico de sua época a Companhia passou a ser vista como um patrimônio nacional (mas, havia várias críticas aos artistas que ganhavam salários mesmos não estando trabalhando). 

A Vera Cruz conseguiu sensibilizar o governo do estado e ganhou amparo para retornar as suas atividades em 1954. Todavia, esse investimento continuou insuficiente, Café Filho em 1955 fez investimentos através do Banco do Brasil, mas ainda continuava ser escasso para as necessidades dos estúdios, por isso a companhia passou a depender de financiamentos específicos e aluguel dos equipamentos para produtores independentes. 
 
Em 1963 a VC voltou a filmar em regime de coprodução e durante muitos anos os seus estúdios foram utilizados pela TV Escelsior (Canal 9). Os estúdios da novela Redenção deram origem a Cidade da Criança, por falta de pagamento dos alugueis o Canal 9 foi despejado do local.
No final da década de 60 tentaram esquemas de coprodução internacional tentando um autorregulamento, mas em 67 o Banco do Estado de São Paulo embargou judicialmente o local, impossibilitando o acesso ao estúdio e, por um período, os estúdios foram utilizados como almoxarifado do Banco do Estado. No ano seguinte o patrimônio imobiliário foi vendido, acima do valor do mercado, para o grupo internacional Mackenzie Hill e a empresa alugou os galpões para a Ford, como depósito de materiais. Em 71 a Ford teve que deixar o local para a demolição. 
 
Na década de 70 houve tentativa de criar uma faculdade de comunicação no local para aproveitar as vantagens da estrutura local, entretanto não houve apoio público. Em 1971, uma parte do terreno (onde especificamente ficavam as salas de corte, alojamento e salas de projeção) começou a construção em ritmo acelerados do Centro Educacional Jardim do Mar no qual o prefeito de São Bernardo divulgava a implantação de diversos cursos de nível médio. Nesse mesmo período, o grupo Mackenzie Hill propunha a construção de um shopping Center no local. 

 Na década de 80 há novas tentativas de vender o espaço, o prefeito Aron Galantie dizia que a VC era um ônus insuportável para o município, dando muitos gastos e apresentando a hipoteca ao banco Banespa. Há uma disputa política entre o prefeito de SBC, o governador do estado de São Paulo e o banco Banespa. A partir de 1987, iniciam-se propostas mais efetivas na tentativa de tombamento dos estúdios, contudo há várias complicações para o tombamento de um patrimônio particular, além do interesse da especulação imobiliária pelo espaço, já que se localiza em uma região privilegiada (tido com nobre e central).
 
Mesmo com vários questionamentos a VC entra em processo de tombamento, mesmo com o veto do prefeito, ocorreu a aprovação de 2/3 dos vereadores de SBC. Em agosto de 1987 há uma tentativa de implantação do projeto de memória para os estúdios, seria um trabalho em conjunto com a Secretaria de Estado da Cultura, Museu da Imagem e do Som e do grupo Fenício (este como responsável pelo financiamento do projeto). Mesmo assim o acervo do local continuou (e continua) em péssimas condições de preservação. Tudo que restou da VC teria sido preservado por Jordano Martinelli (mais de 30 mil peças), mas há uma falta de interesse tanto do setor público como do privado, sendo que Martinelli já ameaçou até colocar fogo em tudo caso continue o descaso. 
 
As notícias sobre os estúdios voltam a tona em 1999 com o Projeto Nova Vera Cruz, mas ainda se encontra travado. 

   

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